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VOCÊ PERTENCE ÀQUELE A QUEM OUVE

“Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus.” (João 8:47).

Bom dia!

O evangelho de João registra um raro momento em que Jesus passeava no templo, no Pórtico de Salomão, quando foi cercado por judeus que o apertaram com uma pergunta muito importante: “Até quando nos deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-o francamente.” (João 10:24). Jesus respondeu-lhes: “Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito.” (João 10:25).

Jesus já havia declarado publicamente, com palavras e com obras, que era o Filho de Deus, porém, muitas pessoas, principalmente aqueles que dominavam por meio da religião, não estavam interessadas em se submeter a Ele, não acreditavam porque não eram suas ovelhas (João 10:26): “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.” (João 10:27).

Se você fizer uma pesquisa rápida na internet, encontrará centenas, talvez milhares de livros que falam sobre liderança: Liderança Aberta, Liderança Positiva, Liderança VIP, Liderança em foco, Pipeline da liderança, Liderança integral, Liderança acima da média, Espiritualidade e Liderança, Nova liderança, Liderança tóxica, Liderança para leigos, Liderança na Bíblia e, até mesmo, a Bíblia da Liderança Cristã.

Muito esforço tem sido dispendido, no mundo e na Igreja, para encontrar e formar líderes. Porém, não obstante todo o esforço para a formação de lideranças neste mundo de resultados, seguir é parte da nossa essência, somos, a grande maioria, seguidores. No dizer de Jesus, somos ovelhas, estamos sempre a ouvir e seguir a voz de alguém. Em outras palavras, há sempre alguém servindo de referência para nós, há sempre alguém a indicar o caminho.

Nos últimos trinta ou quarenta, anos o Brasil ouviu a voz e seguiu os modelos apresentados, principalmente, pelas novelas. Nas últimas décadas, fomos pastoreados pela televisão. Assim, pessoas como Agnaldo Silva, Janete Clair, Gilberto Braga e Manoel Carlos apontaram o caminho e, com muita repetição, emoção, luzes, música e arte, formataram a cultura brasileira contemporânea em todas as áreas e estabeleceram uma nova mentalidade, um novo conjunto de valores.

Há algum tempo, assisti uns episódios de uma série chamada “Vynil”, produzida por Mick Jagger, Martin Scorcese e Terence Winter. A série se passa nos anos 1970, quando um empresário do ramo de discos luta para reestruturar sua gravadora. Após demitir alguns funcionários, ele afirma aos que ficaram: “Nós não produzimos discos aqui, produzimos cultura”.

Você entende isso? A roupa que você veste, a cor e o corte de seus cabelos, a forma como se relaciona com seus pais, com seus filhos, com sua esposa; a configuração familiar, o sexo, a religião ou o descarte dela, as novas formas de crer, tudo passa pela mediação ou modelagem da mídia mais poderosa, que, no Brasil, tem como coluna as novelas e, como fortaleza, a Rede Globo.

Você pode pensar que isso é um exagero, que é livre para fazer suas escolhas e dirigir seu destino e que os outros é que são gado. Porém, uma guerra tem sido travada no campo da educação e da cultura. Foi o filósofo italiano Antônio Gramsci (1891 – 1937) quem estabeleceu as bases para essa guerra. Conforme analisou DeMar, Gransci entendeu que o Cristianismo era a força que amarrava todas as classes e criava uma cultura única, homogênea. Para mudar esse fundamento seria necessário mudar, primeiro o discurso, depois a mentalidade. Segundo ele, o marxismo devia criar uma coligação unificada e penetrar “em todas as atividades civis, culturais e políticas […] e, como o fermento faz com o pão, levedar todas elas com paciência e de forma completa.” (DeMar, 2014).

“Para modificar a cultura, Gramsci argumentava, ‘seria necessária uma longa marcha através das instituições’ – as artes, o cinema, o teatro, as escolas, as faculdades, os seminários, os jornais, as revistas e o novo meio eletrônico [da época], o rádio.” (DeMAR, 2014). No Brasil, não é difícil reconhecer que, a partir da educação e das artes, aconteceu uma grande transformação. Há alguns dias, uma influente jornalista brasileira, formadora de opinião, publicou em uma rede social um convite para que os “fiéis” começassem com ela uma novena para que Deus levasse o Presidente da República desta para pior.

Em sua carta para o anjo da Igreja em Éfeso, após apontar seus erros e elogiar seus acertos, Jesus ordenou-lhe: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” (Apocalipse 2:5).

Ao debater com os judeus que se negavam a ouvi-lo, Jesus disse-lhes: “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus.” (João 8:47). Infelizmente, como resultado de uma guerra sistemática e inteligente contra a fé e os princípios cristãos, multidões já não reconhecem a voz do Bom Pastor, têm vergonha de segui-lo e não conseguem se deixar conduzir por Jesus Cristo!

Fariseus, Saduceus, Herodianos, sacerdotes e doutores da Lei estavam dentro da religião, porém, não conseguiram ouvir a voz do Bom Pastor. O fermento, lentamente introduzido na Família, na Igreja e na Educação, principalmente, tem, na linguagem da Bíblia, cauterizado as mentes e transformado de tal maneira as mentalidades, que temos sido capazes de justificar o injustificável, defender o que a Bíblia condena e chamar de certo aquilo que a Palavra de Deus diz que é errado.

Como foi dito por João, “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus”, logo, você pertence àquele a quem ouve. A quem você está a ouvir? Quem tem sido seu modelo? A quem você está seguindo?

REFERÊNCIA

DeMAR, Gary. Quem controla a escola governa o mundo. Brasília: Editora Monergismo, 2014. Edição do Kindle.

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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