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UM PACTO DE VIDA

“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16,17).

Bom dia!

Após criar o homem, Deus fez com ele um pacto de vida. Este pacto, entretanto, estava condicionado à obediência e Deus lhe ordenou, claramente, que não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal: “Quando Deus criou Adão e Eva, ele estabeleceu uma aliança com Adão, sob a qual ele e sua posteridade viveriam para sempre se ele cumprisse suas Leis pessoalmente, perfeitamente e perpetuamente. O penhor da vida eterna que lhes foi prometido foi a Árvore da Vida.” (LIM, 2018).

Nossos ancestrais conheceram a vida em sua plenitude, em todo seu esplendor e glória, a vida sem nenhuma corrupção. E como era essa vida plena e perfeita que garantia o acesso direto à presença de Deus? Isso, infelizmente, não é possível saber. Sabemos, porém, que no Paraíso não havia pecado, nem doença; não havia tristeza, nem vergonha; não havia dor, nem necessidade. Homem e mulher possuíam, em abundância, tudo o que precisavam. Não é sem razão que Éden significa prazer, Lugar de Delícias.

Após criar o homem, Deus lhe deu vida em plenitude, a vida que Ele mesmo é. No Evangelho de João, Jesus diz de si: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida.” (João 14:6). Essa vida, a própria vida de Deus, estava no homem, e isso é inimaginável para nós hoje em dia. Com certeza, porém, era algo glorioso.

Tudo era perfeito, mas não por escolha da humanidade, foi criado assim: o homem perfeito, na casa perfeita, a viver uma vida perfeita. Entretanto, será que essa era a escolha do homem? Essa reflexão faz lembrar a acusação que Satanás apresenta a Deus em relação à Jó: “É verdade, mas Jó tem bons motivos para temer a Deus. Tu puseste um muro de proteção ao redor dele, de sua família e de seus bens e o abençoaste em tudo que ele faz. Vê como ele é rico! Estende tua mão e toma tudo que ele tem, e certamente ele te amaldiçoará na tua face!” (Jó 1:9-11).[1]

Por essa razão, em respeito à liberdade, Deus estabeleceu, como condição, a perfeita obediência. Ao debater essa questão em Westminster, os sábios se perguntaram: “Que ato especial de providência Deus exerceu para com o homem, no estado em que ele foi criado?” E responderam: “Quando Deus criou o homem, fez com ele um pacto de vida, com a condição de perfeita obediência, proibindo-lhe comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob pena de morte.”[2]

Talvez você pense que Deus armou uma cilada para a humanidade, porém, como a Bíblia ensina, “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” (Tiago 1:13-15).

Agostinho de Hipona nos ensina que Deus criou a humanidade com a condição de pecar, que ele denominou de “posso pecar” (posse peccare) e com a condição de resistir ao pecado, que chamou de “posso não pecar” (posse non peccare). Isso significa que o homem, em seu estado de inocência, era perfeitamente livre e capaz de obedecer a ordem de Deus (posso não pecar) como perfeitamente livre e capaz de desobedecer (posso pecar). Deus fez um pacto de vida com a humanidade e não exigiu nada que ela não pudesse cumprir.

Assim foi, assim é. Em sua Aliança proposta à humanidade, agora a Nova Aliança feita por meio do sangue precioso de seu Filho (1 Coríntios 11:25), Deus nada exige que não possamos cumprir. O mais penoso, por seu amor, Deus deixou para seu Filho.

REFERÊNCIA

LIM, J. J. The Westminster Shorter Catechism with explanatory notes. Singapore: Pilgrim Covenant Church, 2018. Kindle Edition.

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[1] Bíblia Sagrada. Nova Versão Transformadora (NVT).
[2] Pergunta 12 do Breve Catecismo de Westminster.

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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