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O QUE TENHO, TE DOU.

“Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (Atos 3:6).

Bom dia!

Você pode discordar, porém, é comum desconhecermos nossas maiores necessidades e, por isso, muitas vezes tentamos suprir nossas faltas buscando coisas que não precisamos. Nessa procura, na maioria das vezes nos frustramos, pois, ao conseguir o que estávamos a buscar, continuamos vazios ao descobrir que aquilo que conquistamos, não nos trouxe a satisfação que esperávamos.

O teólogo Timothy Keller, ao refletir sobre a satisfação, escreveu: “Queremos algo que nada nesta vida pode nos dar. Se insistirmos em procurar encontrá-lo neste mundo, isso poderá nos transformar em pessoas compulsivas, ressentidas ou com ódio de nós mesmos. Se tentarmos endurecer o coração de modo que isso não nos incomode, prejudicaremos nossa humanidade e quem estiver ao nosso redor.”

O homem coxo, que pedia esmolas sentado à porta do Templo, não se dirigiu a Pedro e João para pedir a cura. Já estava acostumado à sua miséria. É possível que a aparência humilde dos Apóstolos tivesse “anunciado” para o coxo que eles não possuíam nada para lhe dar. A iniciativa de levar a bênção para o necessitado partiu dos Apóstolos, que se compadeceram da miséria dele.

De modo semelhante, a iniciativa de trazer a salvação até a humanidade partiu de Deus, que teve compaixão de nós: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).

O coxo deve ter ficado bem surpreso quando Pedro lhe disse: “Olha para nós”. Deve ter ficado mais intrigado ainda, quando o escutou dizer: “Não tenho ouro, nem prata”.

É uma verdade muitas vezes ignorada que, nem sempre aquilo que pedimos é o que precisamos. Isso pode nos levar a algumas perguntas: O que a Igreja deve oferecer à humanidade? O que a Igreja tem ou deveria ter para oferecer? A quem a Igreja tem oferecido aquilo que possui?

Pedro e João eram portadores das Boas Novas da salvação e levavam, dentro de si, o próprio Espírito de Jesus Cristo. Eles possuíam e desejavam compartilhar o mesmo dom que Jesus deu à mulher samaritana: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.” (João 4:10).

Conta-se que, no século XIV, Tomás de Aquino, que era chamado de “Doutor Angélico”, foi visitar o Papa Inocêncio IV. Em lá chegando, se deparou com uma imensa fortuna que lhe foi mostrada pelo Papa. Segundo se conta, Inocêncio IV disse ao Doutor Angélico: “Veja, a Igreja não está mais em uma época em que pode dizer não tenho ouro, nem prata.” “É verdade”, respondeu-lhe Tomás de Aquino, “tampouco pode ela dizer ao homem coxo: Levanta e anda!”

O que há em você que pode suprir a necessidade do outro? O que você tem para oferecer a uma humanidade mendicante? Para quem você, como Igreja, tem voltado o seu olhar? A quem tem dito: “Olha para mim?”

REFERÊNCIA

CLARKE, Adam. The Ultimate Bible Commentary On The Acts Of The Apostles. Chapter Four. Kindle. 2018.

KELLER, Timothy. Deus na era secular: como céticos podem encontrar sentido no cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 2018. Edição do Kindle.

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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