“Mas Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada.” (Marcos 13:2).
O capítulo treze de Marcos é um sermão proferido por Jesus no Monte das Oliveiras que, por sua natureza, ficou conhecido como “Pequeno Apocalipse”. A recomendação dada por muitos comentaristas é que, ao estudar o texto, você tenha o tema principal em mente: o julgamento de Deus vem de forma inesperada, portanto, permaneça fiel.
Algumas pessoas, encantadas com o progresso, iludidas com o século, seduzidas e distraídas pelos muitos deleites mundanos, não se importam com as coisas espirituais e, deliberadamente, ignoram ou desprezam as Sagradas Escrituras.
A respeito desta atitude, O teólogo alemão, pastor e mártir da Igreja Dietrich Bonhoeffer (1906 – 1945) escreveu: “Enquanto o mundo festeja, [os discípulos] ficam à parte; enquanto o mundo conclama: ‘aproveitem a vida!’, estão se lamentando. Sabem que o navio em que se celebra a vida está afundando. O mundo sonha com o progresso, o poder, o futuro, mas os discípulos sabem do fim, do juízo final e da vinda do reino dos céus, para o qual o mundo não está minimamente preparado.”
Enquanto no mundo, as pessoas vivem despreocupadamente, entre os discípulos de Jesus há uma mentalidade escatológica imperando e muitos proclamam e até profetizam a iminência da volta de Jesus. Quando as pessoas me perguntam a respeito dos sinais e da volta de Jesus, normalmente, eu respondo: “Como não consigo discernir este dia e hora, eu vivo como se Jesus fosse voltar hoje, como se fosse voltar agora.”
A Igreja primitiva vivia “olhando para o alto”, na expectativa da volta de Jesus. Quando o império se rendeu à Igreja, muitos de nossos irmãos tiveram a convicção de que o milênio havia começado. Por volta do século XIV, muitos viviam em grande inquietação tendo a convicção de que o milênio havia terminado e que ocorreria a manifestação do anticristo (esse é um dos temas do romance “O Nome da Rosa”).
Durante a Reforma, Martinho Lutero enfrentou os poderes da cristandade e lutou contra demônios com todo vigor porque tinha a certeza de que vivia na iminência do retorno de Jesus. Para ele, Roma era a Babilônia, o Papa era o anticristo e a batalha para o fim dos tempos estava sendo travada.
O ponto importante desta reflexão é perceber que, ao longo de toda a história da Igreja, acreditou-se na iminência da segunda vinda de Jesus e do arrebatamento da Igreja. No chamado “Sermão Profético” ou “Pequeno Apocalipse, Jesus instruiu seus discípulos a respeito deste momento. Porém, muitos intérpretes acreditam que parte das profecias declaradas por Jesus se cumpriram quando Tito sitiou e destruiu Jerusalém e o templo. De fato, os acontecimentos decorrentes da guerra entre os romanos e os judeus, conforme relatado pelo historiador Flávio Josefo, são terríveis.
Mesmo antes da guerra contra os romanos, Jerusalém foi destruída por Antíoco Epifânio, rei da Síria, que saqueou o templo e proibiu que os sacerdotes oferecessem sacrifícios. Não contentando com isso, ele sacrificou porcos sobre o altar, profanando o templo e o altar. Naqueles dias, levantaram-se contra ele Matias Macabeu e seus cinco filhos que retomaram o controle da cidade e assumiram a posição de governo.
Aos Macabeus Judas, Simão, João e Jonatas se reuniram vários judeus que travaram batalhas contra os diversos invasores e expulsaram também os macedônios que dominavam o povo judeu há 280 anos. Diante desse tumulto na Judeia e da derrota de algumas de suas tropas, o Imperador Romano enviou o grande general Vespasiano e seu filho Tito para solucionar a questão da Judéia.
Parte dos terríveis eventos previstos por Jesus, aconteceram durante o cerco de Jerusalém e a destruição do templo. Parte ainda está por acontecer. Se você vive como se estivesse no controle de todas as coisas, sem importar com as advertências e constantes avisos da trombeta que já está a soar, é bom considerar os alertas: “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai!” (Marcos 13:35-37).
BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. São Paulo: Mundo Cristão, 2016.