“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:36).
“Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.” (Salmos 73:24-26).
Bom dia!
Você já parou para refletir sobre sua vida? Quem é você? Por que faz o que faz? Qual o propósito de sua existência? O que será depois disso?
Os antigos filósofos gregos faziam muitas perguntas a respeito do homem e do mundo em que vivemos. Eles tinham necessidade de entender e explicar a existência, a ordem e a finalidade das coisas e da vida. Em sua busca, Protágoras (c.490 – 420 a.C.), ao afirmar que o homem é a medida de todas as coisas, estava a rejeitar a existência de definições absolutas de verdade, Justiça ou virtude. Sócrates (469 – 399 a.C.) dizia que a única vida que valia a pena viver era a vida virtuosa. Sua célebre síntese é que “a vida irrefletida não vale a pena ser vivida.”[2]
Por que devemos viver? Por que estamos aqui? Qual o sentido da vida? Qual o fim principal do homem? Essas são questões importantes que perseguem e angustiam a humanidade em sua busca por sentido e propósito. Em suas reflexões ao longo da história, a Igreja também se ocupou dessas importantes questões e procurou respondê-las à luz da revelação das Escrituras Sagradas.
É provável que, se essas questões fossem apresentadas para um grande e aleatório grupo de pessoas, recebêssemos respostas que poderiam ser divididas entre aquelas centradas no homem, nas pessoas e em Deus.
No século XVII, um grupo de notáveis teólogos se reuniu na abadia de Westminster por um período de cinco anos, durante os quais se debruçaram sobre a Bíblia Sagrada para estudar, entender e escrever sobre o sentido da vida e o propósito da humanidade. O que a Bíblia tem a nos dizer a respeito dessas importantes questões?
Partindo-se do princípio de que o homem foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, que reflexões podem ser feitas a cerca do fim principal do homem? Os sábios de Westminster responderam que “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.”
Ao encerrar a primeira parte da Epístola aos Romanos, Paulo afirma: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:36). E Asafe, o salmista, retoricamente, pergunta: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.” (Salmos 73:25).
Não há nada que o homem possa fazer para aumentar ou restringir a glória de Deus, pois Deus é assim, glorioso por toda a eternidade. Por essa razão, o homem glorifica a Deus quando reflete sua glória em tudo que é e faz, como foi escrito por Davi: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” (Salmos 19:1). Como um espelho reflete uma imagem, assim o homem foi criado para refletir a glória de Deus.
Deus criou o homem para sua glória e para ter prazer nele. Por essa razão, seu único pensamento, propósito e desejo era servir a Deus na forma por Ele proposta e alegrar-se nele. O pecado, porém, mudou tudo. Em vez de pensar e viver para a glória de Deus, o homem começou a pensar na própria grandeza e a ter prazer em si mesmo.
Muitas pessoas não desejam refletir a glória de Deus, nem têm prazer nele. Vivem suas vidas centradas em si mesmas e passam os dias a correr atrás do vento, porém não se satisfazem. Como testemunhou Agostinho de Hipona: “Desgastou-se a beleza da minha alma e apodreci aos teus olhos, enquanto eu agradava a mim mesmo e procurava ser agradável aos olhos dos homens.”[3]
Não é errado que você tenha outros objetivos e possa se envolver em outros projetos. É possível estar envolvido em trabalhos religiosos, passar a semana inteira ocupado no templo e nada fazer para a glória de Deus. Por outro lado, um médico, enfermeiro, policial, bombeiro, comerciante ou uma mãe ocupada na criação dos filhos, que não consiga estar presente em todas as atividades religiosas de sua comunidade, pode viver uma vida que reflita a glória de Deus como sua prioridade.
Qual o fim principal do homem, perguntaram os sábios de Westminster. O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.
______
[1] Pergunta 1 do Breve Catecismo de Westminster.
[2] O Livro da Filosofia. Vários autores. São Paulo: Globo, 2011.
[3] AGOSTINHO, Santo. Bispo de Hipona. Confissões. São Paulo: Paulus, 1997.
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.