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O DEUS VIVO E VERDADEIRO

“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4).[1]

Bom dia!

O povo de Deus sempre viveu em um contexto politeísta. A Bíblia nos informa que Deus separou Abrão de sua família, que vivia em um contexto de idolatria, para constituir um povo seu. Durante toda sua história, os israelitas encontraram povos que viviam nesse ambiente: os egípcios, os babilônios, os persas, os gregos e os romanos tinham seus panteões de deuses e os adoravam.

Ao comparar o Deus vivo e verdadeiro com os outros deuses, o salmista escreveu: “Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não veem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta.” (Salmos 115:4-7). Para instruir a igreja em Corinto, Paulo disse-lhes que o ídolo é nada e que há apenas um Deus: “No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus.” (1 Coríntios 8:4).

A posição da Escritura é simples e direta: existe apenas um Deus criador dos céus e da terra. A Bíblia não apresenta provas para essa afirmação, apenas começa seu relato dizendo “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1) e segue em frente. Deus não tem necessidade de apresentar provas para aquele que duvida, exceto a própria criação. Como escreveu Paulo na carta aos Romanos: “Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.” (Romanos 1:20).

Em nosso tempo, é possível que muitos desprezem essas afirmações e as considerem irrazoáveis, desatualizadas, arrogantes e carentes de comprovação científica. Deus, entretanto, não fará nada além do que já fez, para provar que existe. Deus não faz, nem necessita fazer prova de vida. Diferentemente da posição radical da Bíblia, alguns teólogos contemporâneos têm advogado o surgimento de um novo paradigma teológico cristão, o pluralismo religioso que impulsiona a teologia “a retomar e reavaliar os tradicionais conceitos, tratados, doutrinas e, inclusive, dogmas.”[2]

Distante desse pensamento, Moisés escreveu: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4). Este texto é parte de uma famosa oração, recitada diariamente pelos judeus piedosos, chamada de Shemá, que significa “Ouça, Escute”. Esse versículo é dos quatro que os judeus piedosos incluem em pequenas caixas que colocam em suas cabeças e nas mezuzás que prendem nos umbrais das portas de suas casas. Os israelitas viviam em um contexto de politeísmo, porém, Deus queria que eles entendessem que Ele era diferente dos demais deuses, invenções de homens em rebelião contra Ele.

Publicada pela Editora Sêfer, a Torá traz o seguinte comentário ao texto de Deuteronômio 6:4: “Escuta Israel! Este versículo constitui a profissão de fé Israelita, a ‘Shemá.’ Todo Israelita deve recitá-la, conforme se acha escrita no ritual, todos os dias, pela manhã e à noite. As primeiras palavras que a criança deve aprender a pronunciar são: Shemá, Israel (Escuta, Israel), e as últimas palavras que pronuncia o Israelita ao morrer são: Hashem Elohênu, Hashem Echad (O Eterno é nosso Deus, o Eterno é um). Estas palavras de Shemá Yisrael, diz o Talmude, não estão dirigidas aos ouvidos, senão ao coração.”[3]

Para nos instruir, os sábios reunidos em Westminster perguntam se há mais de um Deus e, com sua resposta, desejam nos ensinar três coisas: Há somente um Deus; Ele é o Deus vivo; Ele é o Deus verdadeiro. Em primeiro lugar, em um mundo politeísta e com abundância de religiões, eles declaram: há um só Deus. Em segundo lugar, mostram que a Bíblia condena a idolatria, a adoração de ídolos mortos e afirma que Deus é a fonte de toda a vida, Ele é o Deus vivo. Para concluir, afirmam que, em um mudo repleto de falsos deuses, Deus é o Deus verdadeiro. O próprio Jesus, na conhecida Oração Sacerdotal, diz: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3).

Discussões e divergências sempre existiram. A verdade, porém, é que, ao nos aproximarmos de Deus sempre seremos desafiados: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Josué 24:15).

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[1] PERGUNTA 5: Há mais de um Deus? RESPOSTA: Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro.
[2] GEFFRÉ, Claude citado por PANASIEWCZ, Roberlei in: Pluralismo religioso contemporâneo: diálogo inter-religioso na teologia de Claude Geffré. São Paulo: Paulinas; Belo Horiozonte: Editora PUC Minas, 2007.
[3] TORÁ, a Lei de Moisés. Comentários ao texto de Deuteronômio 6:4. São Paulo: Editora Sêfer, 2001., pág. 524.

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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