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FAZ ARDER O CORAÇÃO

“E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles. E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” (Lucas 24:30-32).

Bom dia!

Durante seu ministério na terra, Jesus passou cerca de três intensos anos com seus discípulos. Nesse tempo, eles conviveram praticamente vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana e, evidentemente, desenvolveram laços muito profundos.

Por várias vezes, Jesus os advertiu a respeito de sua paixão, mas eles não compreendiam perfeitamente o que Ele lhes dizia. Nosso Senhor, entretanto, sabia que sua prisão, julgamento, crucificação, morte e sepultamento, produziriam um forte impacto neles.

Mateus nos informa que, nesse momento, “os discípulos todos, deixando-o, fugiram.” (Mateus 26:56). Uma leitura um pouco mais cuidadosa dos eventos nos mostrará, no entanto, que Pedro e João seguiram Jesus e acompanharam seu julgamento perante o Sinédrio, onde Pedro negou Jesus.

Após o sepultamento, os discípulos se esconderam e passaram a reunir com as portas trancadas. De fato, tudo aconteceu como Jesus havia predito: “Então, Jesus lhes disse: Esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas.” (Mateus 26:31).

Os Evangelhos mostram que, realmente, o trauma foi significativo, pois, ao ouvirem Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago testemunhar que Jesus havia ressuscitado, os discípulos, simplesmente, não acreditaram nelas e pensaram que elas estavam delirando.

A verdade é que Jesus não foi o único judeu que havia se apresentado como o Ungido de Deus. O movimento messiânico estava em ebulição e muitos, se dizendo cristos, se rebelaram contra Roma. Ao discursar perante o Sinédrio, o sábio Gamaliel lembrou que, antes de Jesus, havia se levantado Teudas e, depois dele, Judas, o galileu. (Atos 5:33-37).

Apesar de toda a preparação e advertência, os discípulos de Jesus fugiram, se esconderam e não acreditaram na ressurreição. Foi nesse clima de pesar e trauma, que, no domingo da ressurreição, dois discípulos seguiam para Emaús conversando a respeito de todo o acontecido em Jerusalém. Enquanto discutiam, o próprio Jesus se aproximou e seguia com eles, porém, sem ser reconhecido.

“Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?” (Lucas 24:17,18).

Ao perguntar-lhes sobre os acontecimentos, eles, mostrando sua incompreensão dos fatos e pesar, explicaram: “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam.” (Lucas 24:19-21).

Muitas vezes acontece assim mesmo. Por estarmos dentro de grandes crises e eventos que produzem feridas e traumas, não conseguimos ter perspectiva. Sem entender o contexto, esquecemos das promessas e, por vezes, até perdemos a fé. Um dos efeitos do holocausto, por exemplo, foi produzir ateísmo em massa no povo judeu.

Porém, como temos insistido, Jesus não mente, não trai, nem abandona. Ele é fiel, completamente confiável, pois cumpre o que promete. A Páscoa é renovadora, é tempo de seguir com o coração ardendo na esperança da vitória “que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos.” (Tito 1:2b).

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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