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CATECUMENATO E BATISMO

O Início da caminhada cristã
“Seguindo eles caminho fora, chegando a certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja eu batizado? [Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.] Então, mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe batizou o eunuco.” (Atos 8:36-38).
Bom dia!
Embora pareça, este não foi o menor catecumenato da história da Igreja, pois em seus primeiros dias, os discípulos administravam o batismo como um sinal de arrependimento e de adesão à fé cristã imediatamente após a pessoa crer.
Em Israel isso era possível porque o povo de Deus, que já conhecia as Escrituras e esperava a manifestação do Filho de Deus, precisava apenas entender e crer que Jesus era o Messias.
Jesus também se apresentou à João Batista para ser batizado, o que causou constrangimento e perplexidade em João, pois ele sabia que Jesus não tinha do que se arrepender. Em cumprimento da Lei de Moisés, nosso Senhor foi apresentado no Templo, aos quarenta dias de vida, e batizado por João Batista, aos trinta anos de idade.
Dimas, o ladrão crucificado ao lado de Jesus, não foi batizado, pois não houve tempo hábil ou oportunidade. Ele foi para o céu pela graça de Deus, sem cumprir essa ou qualquer outra ordenança ou sacramento. Para Dimas, bastaram o arrependimento e a confissão (Romanos 10:9,10).
Com o passar do tempo, o crescimento da Igreja e a conversão dos gentios, já não havia mais a base do judaísmo e o conhecimento prévio a respeito dos anúncios proféticos sobre a vinda do Messias pelos novos convertidos. Por essa razão, eles precisavam ser ensinados. Além disso, com as perseguições, começaram a ocorrer casos de infiltração de pessoas que fingiam se tornarem cristãs para levantar informações.
Por essas razões, foram adotadas medidas para ensinar os rudimentos da fé aos novos convertidos, o que passou a ser chamado de catecumenato (iniciação), conforme relata o teólogo e historiador cubano Justo L. Gonzáles, em sua obra História Ilustrada do Cristianismo.
No século III, o catecumenato, preparação para o batismo, durava três anos. O neófito não apenas era ensinado a respeito das doutrinas cristãs, como também era observado em sua vida diária para se constatar a firmeza de sua fé. Após esse período, ele era examinado, normalmente em companhia daqueles que lhe testemunharam, a respeito de Jesus e, se fosse aprovado, era admitido na classe de preparação para o batismo.
Normalmente, o batismo era ministrado uma vez por ano, no domingo da ressurreição de Jesus. Durante a sexta e o sábado aqueles que estavam prontos para o batismo jejuavam e no domingo bem cedinho, como na ressurreição, eram batizados.
O batismo era realizado por imersão, sendo o batismo dos homens separado do batismo das mulheres. A pessoa era batizada sem roupa e, ao sair da água, recebia uma vestidura branca como sinal de sua nova vida em Cristo. Em seguida, lhe davam água para beber, em sinal de que havia se tornado limpo não apenas externamente.
Continuando a cerimônia, os batizados eram ungidos como sinal de que agora faziam parte do sacerdócio real e lhes davam leite e mel simbolizando que já haviam entrado na terra prometida.
Após tudo isso, seguiam todos juntos para a Igreja onde os neófitos participavam, pela primeira vez do culto cristão em toda sua plenitude, isto é, com direito a participar da Ceia do Senhor, na qual eram servidos os dois elementos: pão e vinho.
Em um tempo em que os cristãos, sentindo o hálito das feras, eram convidados a abjurar, o zelo dos nossos primeiros irmãos na preparação dos novos crentes possibilitou a formação de cristãos maduros e firmes em seus testemunhos, capazes de enfrentar a morte e testemunhar com a própria vida.
Passados tantos anos, já não temos muitos desafios à nossa profissão de fé, já não nos importamos com os simbolismos e muitos nem mesmo desejam ser batizados. Não há exame, nem supervisão da fé e a Igreja segue sem compreender por qual razão não é mais capaz de impactar nações, transformar e guiar povos inteiros à sombra da cruz de Cristo.
REFERÊNCIA
GONZÁLEZ, L. Justo. História ilustrada do cristianismo: a era dos mártires até a era dos sonhos frustrados. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 98.
Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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