“Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.” (Romanos 4:3-5)
Bom dia!
Paulo afirma que a justiça de Deus havia sido testemunhada pela lei e pelos profetas, justiça essa mediante a fé em Jesus Cristo. Para exemplificar sua afirmação, ele cita Abraão, considerado pelos judeus como um homem justo. A história de Abraão, reconhecido como nosso pai na fé, está registrada em Gênesis, do capítulo doze ao capítulo vinte e cinco.
Quando tinha setenta e cinco anos, sendo sua esposa estéril, Abrão recebeu uma promessa de Deus. O Senhor chamou Abrão e, após mostrar-lhe as estrelas, fez-lhe uma promessa: “Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade Gênesis 15:5.” (Gênesis 15:5).
Paulo argumenta que não foram as obras de Abraão, mas sua fé que o colocou na condição de justo diante de Deus: “Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça.” (Gênesis 15:6). Abraão esperou vinte e cinco anos para que a promessa de Deus se cumprisse em sua vida. Aos cem anos ele se tornou o pai de Isaac. Durante todo esse tempo, promessa e fé caminharam de mãos dadas.
Se há uma companhia que a promessa aprecia é a fé. Se elas são boas companheiras, mais cedo ou mais tarde, a promessa se cumpre. O tempo, porém, muitas vezes consegue interferir nesse relacionamento e estragá-lo. Por essa razão, é necessário ter cuidado.
Sara, a esposa de Abraão era estéril e ambos eram velhos, mas Abraão não duvidou da promessa e, por sua fé, foi declarado justo por Deus. Não se tem notícias de fato ou situação anterior que pudesse animar e fortalecer a fé de Abraão. A única coisa que ele possuía era a promessa e ele acreditou nela. Deus fez uma promessa a um homem que já estava resignado a não ter filhos. Ao receber a palavra de Deus, tudo mudou na vida dele. Abraão passou a viver pela fé e Paulo nos diz que ele se fortalecia dando glória a Deus.
Há muitas pessoas hoje em dia que desprezam as promessas de Deus. Temos abundância de relatos que nos mostram o caráter e a fidelidade de Deus, porém, vivemos em um tempo em que a dúvida é a norma. Somo estimulados a duvidar, aprendemos a dúvida na escola, como um estilo de vida.
Exceto no que diz respeito às declarações relativas ao conhecimento humano provado segundo um método, o homem moderno adotou a dúvida como visão de mundo. Sobre essa atitude, Descartes afirmou: “Aprendi a não crer demasiado firmemente em nado do que me fora inculcado só pelo exemplo e pelo costume.”[1]
Ao relacionar os exemplos apresentados nas Escrituras, o autor de Hebreus disse: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar.” (Hebreus 11:8-12).
Assim como fez a Abraão, as promessas de Deus foram feitas e cumpridas em Jesus Cristo de muitas maneiras, mas, diferentemente de Abraão, muitos não creem. Porém, do modo como Abraão foi declarado justo por crer em Deus, aqueles que creem em Jesus também serão declarados justos. Ao se deparar com a dúvida de Tomé, após oferecer-lhe o corpo para ser tocado e estender-lhe as mãos, Jesus disse-lhe: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.” (João 20:29).
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[1] MEIER, Celito. Filosofia: Por uma inteligência da complexidade. São Paulo: Editora Espera, 2016. p. 338.
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.