“E disse: ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos! Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais temos cometido contra ti; pois eu e a casa de meu pai temos pecado. Temos procedido de todo corruptamente contra ti, não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo.” (Neemias 1:5-7).
Bom dia!
Sabemos que Neemias era copeiro do rei Artaxerxes e que, provavelmente, nasceu no exílio. Seus pais, entretanto, estavam sepultados em Jerusalém e seu irmão Hanani vivia na cidade desolada, pois Jerusalém havia sido destruída por Nabucodonosor havia quase um século e meio.
Neemias era piedoso e, à medida que aprofundamos a leitura do livro, descobrimos que ele fazia tudo debaixo de oração. Não há registro de nenhuma falta, nenhum pecado cometido pelo copeiro do rei. Interessado, perguntou a respeito daqueles que haviam permanecido em Jerusalém e pelas condições da cidade. Ao ouvir o relatório de seu irmão, impactado, Neemias se assentou, chorou e começou a orar e jejuar perante Deus, em razão daquela situação.
Se Neemias não estava na cidade, se não havia indicação de pecados cometidos por ele, por que razão confessou pecados? É certo confessar os pecados dos outros? Posso fazer isso? Se é possível, basta abrir a boca e pedir perdão?
Muitas vezes, ao repetir a oração modelo que Jesus nos ensinou, passamos rapidamente pela parte que diz “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mateus 6:12), sem dar muita atenção que estamos a pedir para Deus usar conosco a mesma medida que aplicamos aos outros. “Deus, assim como eu perdoei aqueles que me ofenderam, me perdoe.” Se Deus aplicar a mesma regra que você tem aplicado aos outros, você será aprovado?
Outro aspecto importante do Pai Nosso está relacionado à frequência com que oramos. Você faz essa oração apenas uma vez a cada seis meses ou rotineiramente? O ponto destacado por Jesus é a necessidade que temos de nos arrepender e confessar nossos pecados. Se pecamos todos os dias, não devemos esperar o momento da confissão na Igreja, pois, quanto mais cedo você se arrepender e confessar seus pecados, mais cedo será perdoado e voltará à comunhão com Deus.
Em sua oração, Neemias chama nossa atenção para um importante aspecto da oração: “Estejam, pois, atentos os teus ouvidos, e os teus olhos, abertos, para acudires à oração do teu servo, que hoje faço à tua presença, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais temos cometido contra ti; pois eu e a casa de meu pai temos pecado.” (Neemias 1:6,7). Sabemos que ele não era profeta, nem sacerdote, mesmo assim, Neemias ousou se colocar diante de Deus em favor dos filhos de Israel: “temos cometido [pecados] contra ti; pois eu e a casa de meu temos pecado.
Na história do relacionamento do homem com Deus, não existe avivamento, nem transformação sem arrependimento e confissão de pecados. Encontramos esse princípio em um texto bastante conhecido e citado: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7:14). Este texto é parte da aliança feita por Deus com o rei Salomão ao concluir a edificação do Templo.
Neemias ouviu a notícia, se encheu de compaixão, quebrantou-se, começou a chorar, a jejuar e a orar. O centro de sua oração foi a confissão dos pecados nascida de um arrependimento genuíno. Ele entrou na presença do Senhor como integrante legítimo do povo de Deus, se humilhou com orações, jejuns e choro, a humilhação na Bíblia está associada com jejum, buscou o Senhor e se converteu de mal caminho, que é o mesmo que se arrepender.
Frequentemente, testemunhamos campanhas de oração e movimentos de oração para transformação que não dão a devida importância e peso ao arrependimento e à confissão de pecados. Nem sempre entendemos que, espiritualmente, existe uma ligação entre os pecados da nação e os meus pecados. Não é sem razão que Jesus ensinou: “E perdoa os nossos pecados.” Por quanto tempo devo fazer essa oração? É suficiente orar uma vez? Ou preciso fazer uma campanha de quarenta dias?
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.