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A MISÉRIA HUMANA

“A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça.” (Romanos 1:18).

Bom dia!

Ao estudar a condição do homem após a queda, a Assembleia reunida em Westminster declarou que “Todo o gênero humano, pela sua queda, perdeu a comunhão com Deus, está debaixo de sua ira e maldição, e, assim, ficou sujeito a todas as misérias nesta vida, à própria morte e às penas do inferno para sempre.”[1]

De alguma forma, para nosso benefício e por sua misericórdia, Deus ocultou a extensão do impacto do pecado na criação e a profundidade da miséria humana provocada pela queda. Criada para desfrutar, eternamente, da presença de Deus, a humanidade ficou sujeita às misérias dessa vida e às penas do inferno para sempre.

Adão e Eva tinham uma comunhão com Deus inimaginável para nós que vivemos separados dele. Eles desfrutavam da verdadeira intimidade com o Pai Celestial, intimidade em um grau que não poderemos retomar nesta vida. Em razão do pecado, a humanidade está sob a ira e a maldição de Deus. Dessa forma, há um duplo impacto, pois perdemos o que era excelente e recebemos o que é pior.

O homem não está mais habilitado a desfrutar da graciosa presença de Deus e de sua doce companhia, porque, “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.” (1 João 1:5). O profeta Isaías nos faz saber que Deus permanece o mesmo, mas nossa condição nos separa dele: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.” (Isaías 59:1,2).

Não se trata apenas de um capricho de Deus. Ao escolher o pecado, homem e mulher se tornaram incapazes de suportar a santidade e a glória de Deus. Foi por essa razão que Adão e Eva esconderam-se de Deus e cobriram sua nudez com folhas de figueiras: “Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.” (Gênesis 3:7).

A perda da comunhão com Deus afetou o sentido da vida humana, que é viver para a glória de Deus. Agostinho traduziu tudo isso, ao dizer: “Quer louvar-te o homem, esta parcela de tua criação. Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti.”[2]

A inclinação natural da humanidade, louvar e glorificar a Deus, foi desviada para atender as inclinações da carne, e o homem foi colocado debaixo da maldição e da ira de Deus: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.” (Efésios 2:1-3).

O homem ficou sujeito a todas as misérias nesta vida, à própria morte física e ao sofrimento eterno no inferno. As misérias não são apenas físicas, são, também, espirituais. Não estão limitadas ao tempo, estendem-se à eternidade. Fisicamente, o homem está sujeito ao envelhecimento e todas suas limitações, às doenças, guerras, calamidades, pestes e acidentes. Espiritualmente, está sujeito ao endurecimento do coração, à cegueira espiritual e condenado ao sofrimento eterno, separado de Deus.

Salomão, segundo a Bíblia, o homem mais sábio que já existiu, declarou que Deus criou o homem para a eternidade: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.” (Eclesiastes 3:11). Após a queda, embora recebendo todas as consequências do pecado, Deus não retirou a eternidade do coração do homem.

Separado de Deus, o homem sente-se vazio e nostálgico. Temos saudade de casa, saudade de nosso Pai Celestial. Sentimos falta da comunhão que desfrutávamos com Ele e da segurança e plenitude de nossa primeira casa. Perdidos, sem saber o que fazer, tentamos suprir essas necessidades com vaidades: dinheiro, poder e luxúria. Não se deixe enganar, você pode entregar-se aos prazeres que o mundo oferece e mergulhar em suas cobiças, porém, continuará vazio, cansado e inquieto. Somente em Deus, encontramos descanso: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.” (Mateus 11:29).

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[1] PERGUNTA: Qual é a miséria do estado em que o homem caiu? RESPOSTA: Todo o gênero humano, pela sua queda, perdeu a comunhão com Deus, está debaixo de sua ira e maldição, e, assim, ficou sujeito a todas as misérias nesta vida, à própria morte e às penas do inferno para sempre.
[2] AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Paulus, 1997.

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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