“Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo. Imediatamente, lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado.” (Atos 9:17,18).
Bom dia!
Ananias sabia quem era Saulo, pois sua fama o havia precedido (certamente pelo relatório daqueles que fugiam de sua ira). Saulo era um terrível inimigo da Igreja e havia causado muitos males aos discípulos em Jerusalém.
Ao receber uma ordem direta e clara do próprio Senhor Jesus a respeito de Saulo, Ananias, como dizíamos no quartel, “ponderou”. Ananias discutiu com Jesus a razoabilidade daquela ordem.
Ananias não foi desrespeitoso, nem rebelde, mas desejou compreender melhor, certificar se não havia engano de sua parte a respeito daquilo que acabara de ouvir. Ele estava praticando o que chamamos hoje em dia de escuta ativa.
Diferentemente de Ananias, o profeta Jonas não teve dúvidas a respeito da ordem de Deus: “Dispõe-te, vai para Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até a mim.” (Jonas 1:1). Em vez de se levantar e obedecer, Jonas se dispôs, mas para fugir da presença de Deus, como se isso fosse possível.
Quando trabalhava na Polícia, aprendi que era dever do subordinado solicitar esclarecimentos caso não entendesse uma ordem recebida. À medida que fui crescendo na instituição, aprendi que, ao dar uma ordem, era bom cotejar a ordem dada, pedindo ao subordinado para repeti-la. Esses princípios simples são eficazes na redução de erros, mas não são eficazes na redução da rebeldia, por isso Jonas foi parar no ventre do peixe.
Jesus não se sentiu afrontado, nem ficou impaciente com a ponderação de Ananias, apenas aproveitou a oportunidade para trazer mais informações e, assim, convencer e motivar Ananias para a missão.
Já tive experiência de receber uma direção de Deus e, por não a entender claramente, pedir mais informações. Também já tive experiência de acreditar que havia compreendido e fazer o que não devia ter feito. Já recebi orientações e distorci, de modo inconsciente, a palavra recebida para poder suportá-la e só fui entender o que Deus havia me dito ao final de tudo. Já vi pessoas misturarem suas emoções e vontades com a palavra de Deus. Normalmente isso não acaba bem.
Deus não se sente ofendido, nem fica irado quando alguém tem alguma dúvida e o procura. Ele não se irrita quando você o procura com as mãos cheios de problemas e pede ajuda. Deus não se importa, nem se cansa de nos trazer, novamente, para o Caminho. Ele é o Maravilhoso Conselheiro.
Tenha cuidado e certeza, entretanto, para que a sua ponderação não seja apenas procrastinação ou, pior, rebeldia. Se Deus ordenou, é melhor obedecer.
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.