“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.” (Efésios 2:1-3).
Bom dia!
Se você está a acompanhar esta série de textos, talvez esteja entediado de ouvir ou ler a respeito do pecado. Culpa, responsabilidade moral, pecado e suas consequências, embora sejam assuntos essenciais para todas as pessoas, não estão, frequentemente, presentes em nossas discussões, debates e reflexões. Na verdade, algumas, talvez muitas, pessoas têm relativizado o conceito de pecado e desprezado o padrão moral estabelecido por Deus.
Se de nossa perspectiva, a moralidade muda, será que do ponto de vista de Deus isso também ocorre? Será que aquelas práticas que eram consideradas transgressões no tempo da Assembleia em Westminster já não são mais vistas como transgressões atualmente? Adultério, aborto, fornicação, prostituição, vingança, violência, insubmissão, rebeldia e desonra aos pais, parecem já não terem o mesmo peso no que diz respeito à conduta, como tinham há cinquenta anos, não é verdade? Será que essa é uma realidade restrita ao Brasil ou é um padrão ocidental? Ou mundial?
Uma vez que tinham a obrigação de enfrentar esse assunto, para instruir os discípulos de Cristo, os teólogos em Westminster perguntaram: “Em que consiste o estado de pecado em que o homem caiu?” “O estado de pecado em que o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão original e na corrupção de toda a sua natureza, o que ordinariamente se chama pecado original, juntamente com todas as transgressões atuais que procedem dele,” responderam.[1]
Culpado! O homem caído é culpado do pecado e não pode negar isso. O homem é culpado porque a Bíblia diz que ele é. Porém, o pecado, resultado da natureza caída do homem, pode ser observado universalmente, independente de gênero, raça, condição social, ocupação social, vocação e, até, mesmo idade.
Ao se confrontar com seu pecado, Paulo disse: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.” (Romanos 7:18-21).
Em razão da queda, o homem perdeu sua santidade, justiça e glória originais. O pecado despojou a humanidade de sua condição de inocência e retidão, e destruiu seu relacionamento com Deus, pois, sem santificação, ninguém verá a Deus (Hebreus 12:14).
Segundo Sproul (2018), “o pecado original não se refere ao primeiro pecado e sim às suas consequências. O pecado original descreve nossa natureza caída, nossa condição pecaminosa, da qual ocorrem nossos pecados atuais. A Escritura não diz que somos pecadores porque pecamos; pelo contrário, ela afirma que pecamos porque somos pecadores.”
Nossos pecados são consequência, são frutos de nossa natureza caída, ou seja, há algo errado em nosso caráter, algo que podemos ver em nosso cotidiano. No dizer Paulino, “Não faço o bem que desejo, mas, o mal que não quero, eu faço.”
Para Sproul (2018), “As Escrituras nos ensinam que o pecado original é um julgamento de um Deus justo sobre criaturas que Ele criou para serem boas. Como penalidade sobre Adão e Eva por causa de seu pecado, Deus os entregou, juntamente com seus descendentes, às suas inclinações ímpias.”
Se você estiver bem adaptado ao espírito do tempo, talvez esteja a olhar para si, a dizer: “Eu sou uma pessoa boa. Acredito que nada disso se aplica a mim.” Se for esse o caso, você já sabe que está a dizer que nada daquilo que Jesus passou na cruz diz respeito à sua vida, pois, sendo bom, você não precisa de redenção. Embora alguém possa pensar assim, essa negação da Escritura não muda o decreto de Deus: “O salário do pecado é a morte.” (Romanos 6:23). Para dizer de maneira bem simples, Jesus pagou essa dívida, mas, se você não aceita, terá que assumir a dívida e pagá-la.
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[1] PERGUNTA 18: Em que consiste o estado de pecado em que o homem caiu? RESPOSTA: O estado de pecado em que o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão original e na corrupção de toda a sua natureza, o que ordinariamente se chama pecado original, juntamente com todas as transgressões atuais que procedem dele.
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.