“Mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém. Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco.” (Atos 9:6-8).
Bom dia!
Após sua ressurreição, Jesus apareceu diversas vezes aos seus discípulos, que, inicialmente, não o reconheceram. Jesus conviveu com todos durante quarenta dias, foi tocado e comeu com eles, até a sua ascensão ao céu.
Ao registrar o momento da prisão de Jesus, João fez questão de destacar seu poder, quando o Senhor se apresentou para aqueles que vieram prendê-lo e lhes perguntou: “A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então, Jesus lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o traidor, estava também com eles. Quando, pois, Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra.” (João 18:5,6). Com sua simples identificação (Sou eu), aqueles que vieram prendê-lo recuaram e caíram por terra.
Jesus não mandou um mensageiro para falar com Saulo, nem enviou uma voz do céu, como aconteceu em seu batismo. O Senhor apareceu pessoalmente e mostrou ao “poderoso” Saulo um pouco do seu poder. Jogado ao chão, Saulo ficou cego pelo esplendor da glória de Jesus e, rapidamente, se submeteu: “Quem és tu, Senhor?” “Eu sou Jesus a quem tu persegues,” respondeu-lhe. Deve ter sido um grande choque para Saulo descobrir que aquele a quem julgava estar morto, estava vivo e glorioso bem na sua frente, a declarar seu erro e condenar seu zelo. Saulo ficou cego, mas podia ter ficado mudo, sem fala e reação.
Já que estavam juntos, Jesus podia ter orientado Saulo a respeito do que ele deveria fazer, mas o ordenou entrar na cidade, onde encontraria os discípulos de Jesus para que eles lhe dissessem o que fazer. É maravilhosa, e ao mesmo tempo impressionante, a lógica de Jesus: a missão de pregar o Evangelho e conduzir os pecadores a Cristo foi dada aos discípulos e foram eles que conduziram Saulo no Caminho.
Os primeiros cristãos eram pessoas muito simples e foram desdenhadas por serem “pessoas ignorantes cuja propaganda tinha espaço, não nas escolas, nem nos fóruns, mas nas cozinhas, oficinas e selarias.” (GONZÁLEZ, 2011, p. 94).
Jesus foi anunciado ao “poderoso” Saulo por um simples servo de Deus. Nosso Senhor ocultou a sabedoria dos sábios e entendidos e a deu aos pequeninos (Mateus 11:25).
Minha mãe teve pouca instrução e, praticamente, não sabia ler. O pouco que sabia, ela consolidou e concretizou por meio da Bíblia. Sempre que sobrava um tempo, ela teve que cuidar de dez filhos e de alguns netos, Dona Magdalena era encontrada de joelhos ou a ler a Bíblia.
Não obstante toda a sua simplicidade e limitação, no que diz respeito ao testemunho do Evangelho e à pregação das Boas Novas de salvação, ela não se intimidava, anunciava Jesus para todos que tinha oportunidade. Não há ninguém simples demais, humilde demais ou ignorante demais a ponto de estar desqualificado para falar do Amor de Deus, para anunciar Jesus ao mundo. Todos podemos, todos devemos. Essa é a ordem: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.” (Marcos 16:15,16).
REFERÊNCIA
GONZÁLEZ, Justo L. História ilustrada do cristianismo: a era dos mártires até a era dos sonhos frustrados. São Paulo: Vida Nova, 2011.