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“Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.” (Lucas 10:33,34).

Bom dia!

Ao narrar a parábola do bom samaritano, Jesus apresentou dois religiosos como personagens: o sacerdote e o levita. Uma vez que eles não tiveram o comportamento esperado, os ouvintes podem ter antecipado a resolução da cena imaginando a intervenção de um israelita leigo e a parábola teria, assim, um caráter anticlerical. Jesus, no entanto, surpreendeu a todos ao colocar o samaritano como aquele que compadece. O impacto nos ouvintes deve ter sido avassalador!

O samaritano nunca se encaixaria na definição tradicional de “próximo” utilizada pelos judeus. Os samaritanos eram um povo mestiço que surgiu quando a Assíria conquistou a Samaria, removeu os moradores da cidade e a repovoou com pessoas de outras regiões conquistadas (2 Reis 17). Eles eram considerados gentios e inimigos do povo de Israel.

Jesus estava a enfatizar que seguir ritos, liturgias e práticas da religião não significava, automaticamente, amar. É possível ser religioso e passar uma vida inteira no templo sem com isso agradar a Deus! Em contraste com os religiosos que passaram de largo, o samaritano compadeceu-se da vítima e se aproximou dela. “Com-padecer” é sofrer com o outro, padecer com. O samaritano viu a miséria do próximo e não lhe foi indiferente, sofreu com ele, mudou sua agenda, empregou seus recursos e redefiniu sua prioridade a fim de cuidar dele.

Nesse mundo em que não temos tempo para nada e ficamos irritados com os imprevistos, parar tudo o que estamos a fazer, mudar nossa prioridade e gastar nosso dinheiro sem esperar nada em troca é, de fato, um comportamento altamente louvável.

Ao ler essa parábola, você pode se ver em diversos papéis: você pode ser a vítima, os religiosos ou o samaritano. Penso que nossa preferência será sempre o papel do herói, mas nem todos vivemos assim, nem sempre nos comportamos assim.

É possível, também, olhar a cena de outra maneira, colocando Jesus como um dos personagens. Não é preciso muito esforço para imaginar que Satanás é o ladrão, aquele que vem para roubar, matar e destruir (João 10:10). Da mesma forma, posso compreender que eu sou a vítima a perguntar “Quem me livrará do corpo desta morte” (Romanos 7:24) e que Jesus é o samaritano, Aquele que destruiu a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade (2 Timóteo 1:10).

Após ajudar o intérprete da Lei a compreender quem era seu próximo, Jesus encerrou aquele encontro e disse-lhe: “Vai e procede tu de igual modo.” Teoria sem prática, fé sem obras, religião sem compaixão e vida cristã sem amor. Que o Senhor nos livre disso e possamos, como ensinou Tiago, ser praticantes da Palavra e não somente ouvintes, enganando-nos a nós mesmos (Tiago 1:22).

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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