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JUSTIÇA E JUÍZO

“E, se por causa da minha mentira, fica em relevo a verdade de Deus para a sua glória, por que sou eu ainda condenado como pecador? E por que não dizemos, como alguns, caluniosamente, afirmam que o fazemos: Pratiquemos males para que venham bens? A condenação destes é justa.” (Romanos 3:7,8).

Bom dia!

De vez em quando, um vídeo com a entrevista de um ladrão muito cínico circula pelas redes sociais. Na entrevista, ele argumenta que faz um grande bem para a sociedade, pois por sua causa milhares de pessoas podem ter uma ocupação e sobreviver. Policiais, promotores, juízes, advogados, repórteres e muitas outras profissões só existem, segundo seu argumento, por sua causa, logo, todos deveriam agradecê-lo e reconhecer sua importância.

Nessa parte de sua carta aos Romanos, Paulo antecipa argumentos contrários, responde críticas e contradiz raciocínios errados a respeito do Evangelho. Havia naquele tempo, e ainda existe hoje, muita dificuldade para entender e aceitar a graça de Deus, a justificação mediante a fé. Por essa razão, algumas pessoas recusam a graça de Deus e procuram, por meio da prática de boas obras, ser justificadas diante de Deus e receber o perdão de seus pecados.

Você precisa saber que Jesus encerrou o chamado Pacto das Obras e inaugurou um novo tempo e um novo pacto, o Pacto da Graça. A Bíblia ensina que somos justificados pela fé, não pelas obras; somos salvos pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.” (Romanos 5:1,2). A graça, Paulo explica, é um presente de Deus, um presente que recebemos sem merecer e, por essa razão, não temos motivos para nos vangloriar de nossas obras: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:8,9).

Alguém, talvez ironize o ensino de Paulo, talvez, como o cínico ladrão, apresente outro argumento: “Ora, se a minha injustiça põe em evidência a justiça de Deus, estou fazendo um favor para Ele e, se sou condenado por isso, Deus não é justo. Se Deus é glorificado pela minha iniquidade e nada é mais importante para o ser humano do que glorificar a Deus, então pratiquemos iniquidades.”

O que Paulo e o Evangelho demonstram é que esse é o típico raciocínio fruto de uma mente caída, incapaz de se reconhecer culpada e de se arrepender. O cínico prefere justificar o próprio erro, em vez de abandoná-lo. A verdade é que o mal, por sua natureza, não pode produzir o bem: “Toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.” (Mateus 7:17,18).

Me lembro de um conhecido muito inteligente que escreveu um livro para defender Judas Iscariotes que, em seu entendimento, havia feito um grande bem para Jesus ao traí-lo. Infelizmente, a verdade é que vivemos em um tempo em que a culpa foi abolida, o pecado desprezado e as pessoas vivem em função de seus prazeres e vaidades.

Parece que, chegamos naquele tempo profetizado pelo apóstolo: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.” (2 Timóteo 3:1-5).

Como bem adverte o salmista, justiça e juízo são a base do trono de Deus (Salmo 97:2). Em razão de sua justiça, “Deus sempre age de acordo com o que está certo, e Ele mesmo é o parâmetro definitivo do que é certo. Ao falar sobre Deus, Moisés diz: ‘todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto Ele é.” (Deuteronômio 32:4 citado por GRUDEM, 2019).

Portanto, não adiantará você negar a culpa e desprezar o pecado. Não adiantará você argumentar em seus termos e lógica a respeito de sua justiça ou obras. Sendo Justo por natureza, e Deus não pode negar a si mesmo, não pode negar nem contradizer a sua essência, se não punir o pecado, será injusto. Como não entra em contradição, Deus, certamente, punirá o culpado. Se você acredita que está fora, a Bíblia, sem rodeios, afirma: “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.” (Eclesiastes 7:20). “Não há justo, nem um sequer. (Romanos 3:10).

REFERÊNCIAS

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019. Edição do Kindle.

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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