“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.” (Gênesis 3:6).
Bom dia!
Deus não comete erros, a ninguém tenta, nem pode ser tentado, não faz combinações, nem experiências para ver o que é melhor. Deus é onipotente, tem poder para fazer qualquer coisa; onisciente, tem conhecimento completo de tudo e de todas as coisas; e onissapiente, Deus não apenas conhece tudo, Ele sabe o que é o melhor em cada situação. Ao criar o homem, Deus não o fez de modo incompleto ou defeituoso, não o largou para que evoluísse e passasse por estágios. Ao concluir a criação, Deus examinou tudo o que havia feito, “e eis que era muito bom.” (Gênesis 1:31).
Sabemos que homem e mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus. Após criá-los, Deus os abençoou e ordenou: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja sobre a terra.” (Gênesis 1:28). Homem e mulher foram equipados por Deus com tudo o que precisavam para reger a criação.
Embora não seja possível saber, com precisão, qual era o estado original da humanidade, a Bíblia nos permite saber algumas coisas e inferir outras. Sabemos, claramente, que Deus formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida. Logo, foi o sopro de Deus no homem que o fez alma vivente (Gênesis 2:7). Por outro lado, sabemos que, ao pecar, o homem foi destituído da glória de Deus (Romanos 3:23). Isso significa que o homem foi privado de algo que possuía. Em razão do pecado, a glória de Deus foi retirada do homem. O que significa isso? Dizer que o homem carece da glória de Deus? Que foi destituído da glória de Deus? Em seu estado original, o homem convivia com Deus naturalmente, sem espanto, constrangimento, vergonha e medo. Não havia separação entre o homem e Deus, pois não havia pecado.
O Novo Testamento, ao relatar a transfiguração de Jesus, diz que: “O seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.” (Mateus 17:2). O livro de Êxodo relata que Moisés, após passar quarenta dias e quarenta noites com o Senhor, nos quais nada comeu, nem bebeu, ao descer do Monte Sinai, tendo nas mãos as tábuas do Testemunho, a pele do seu rosto resplandecia (Êxodo 34:30). De alguma maneira, durante a convivência, a glória de Deus foi comunicada a Moisés.
Reunidos em Westminster, os teólogos se perguntaram: “Nossos primeiros pais se conservaram no estado em que foram criados?” Apresentada a pergunta, eles responderam: “Nossos primeiros pais, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, caíram do estado em que foram criados, pecando contra Deus.”[1]
Se nossos primeiros pais não conservaram o estado em que foram criados, o que eles perderam? Nossos primeiros pais perderam muita coisa, tanta que talvez nem seja possível dimensionar. Perderam a vida, foram separados de Deus. Foi colocada uma parede de inimizade entre Deus e a humanidade (Efésios 2:14) e a separação não foi apenas pontual. O pecado produziu a morte e essa morte passou a todos os homens: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Romanos 5:12).
O homem perdeu também sua posição de regente da criação e Satanás se tornou o príncipe deste mundo. Os Evangelhos revelam que, ao tentar Jesus, Satanás ofereceu-lhe todos os reinos do mundo: “Disse-lhe o diabo: Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser.” (Lucas 4:6).
Além disso, “Por causa do pecado, a imagem de Deus em nós ficou parcialmente distorcida. Sua imagem não é vista tão claramente quanto foi uma vez.” (GRUDEM, 2018). O homem e a mulher foram destituídos da glória de Deus. Dito de outra maneira, o homem e a mulher, que estavam vestidos da glória de Deus, ao pecar, perceberam que estavam nus. Satanás lhes havia dito: “Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (Gênesis 3:5). Após comerem do fruto, “Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.” (Gênesis 3:7).
Foi a partir deste momento que a glória de Deus se retirou, e o homem passou a viver para sua própria glória, passou a se cobrir com folhas de figueira. O homem sem Deus, embora produza vestimentas cada vez mais sofisticadas, permanece em estado de humilhação, vergonha e nudez. Somente a graça de Deus em Cristo Jesus pode redimi-lo.
REFERÊNCIA
GRUDEM, Wayne. Bases da fé cristã: Vinte fundamentos que todo cristão precisa entender. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2018.
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[1] PERGUNTA 13: Os nossos primeiros pais se conservaram no estado em que foram criados? RESPOSTA: Nossos primeiros pais, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, caíram do estado em que foram criados, pecando contra Deus.
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.