“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1:14).[1]
Bom dia!
Creio que não é possível saber quantos tratados e teses, debates e livros já foram produzidos para discutir, explicar e entender a encarnação de Jesus. Na cultura greco-romana, declarar que Deus encarnou encerrava o debate, pois eles viviam em uma cosmovisão que considerava a alma boa e o corpo mau. O corpo, para eles, era uma prisão. Foi por essa razão que, em Atenas, quando Paulo pregou a ressurreição de Jesus, seus ouvintes encerraram a audiência e se retiraram: “Quando ouviram falar de ressurreição de mortos, uns escarneceram, e outros disseram: A respeito disso te ouviremos noutra ocasião.” (Atos 17:32).
Uma vez que os filhos pelos quais morreu têm participação comum de carne e sangue, Jesus, necessariamente, tinha que compartilhar com eles a mesma carne e sangue: “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo.” (Hebreus 2:14). Cristo precisava ter um corpo igual ao nosso, um corpo para ser traspassado e moído em nosso lugar: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5). Para derramar sangue em remissão do pecado e nos garantir acesso à presença de Deus, Ele tinha que ter sangue: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne.” (Hebreus 10:19,20).
A humanidade de Jesus pode ser vista de várias maneiras: Jesus precisou crescer em graça e conhecimento (Lucas 252); Ele foi visto e tocado (1 João 1:1); teve sono e dormiu (Marcos 4:38); cansado da viagem, se assentou para descansar; Jesus teve sede e bebeu água (João 4:6-10). É a humanidade de Jesus que lhe permite servir como Mediador entre Deus e os homens: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos.” (1 Timóteo 2:5,6).
Concebido no ventre de sua mãe por uma obra milagrosa do Espírito Santo, Jesus era plenamente humano, sem excesso, nem falta. Seu nascimento foi registrado no Evangelho de Mateus: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.” (Mateus 1:18).
No dizer do próprio Jesus, o Pastor das ovelhas entrou pela porta (João 10:1,2). Jesus teve uma mente igual a nossa, por isso teve que passar por um processo de educação e de aprendizagem e, como todos nós, crescer em sabedoria (Lucas 2:52). Como qualquer criança, Jesus aprendeu a andar, falar, comer, ler e escrever. Os Evangelhos relatam que Jesus tinha emoções. Ele admirou-se da fé do centurião (Mateus 8:10), chorou pela morte de Lázaro (João 11:35), se entristeceu profundamente: “Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.” (Mateus 26:38).
Jesus era semelhante a nós em todos os aspectos, exceto o pecado. Paulo disse: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21). Pedro disse que Jesus não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca. (2 Pedro 2:22). E João disse: “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.” (1 João 3:5).
Reunidos na abadia, os teólogos formularam a importante pergunta: “Como Cristo, sendo o Filho de Deus, se fez homem?” E responderam: Cristo, o Filho de Deus, fez-se homem tomando um verdadeiro corpo e uma alma racional, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da virgem Maria e nascendo dela, mas sem pecado.
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[1] PERGUNTA 22: Como Cristo, sendo o Filho de Deus, se fez homem? RESPOSTA: Cristo, o Filho de Deus, fez-se homem tomando um verdadeiro corpo e uma alma racional, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da virgem Maria e nascendo dela, mas sem pecado.
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.