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A DESCRISTIANIZAR O MUNDO

“Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues.” (Atos 9:5).

Bom dia!

Historicamente, nenhuma comunidade religiosa sofreu tanta perseguição organizada e sistemática como a Igreja Cristã. Nenhuma religião foi tão perseguida como o cristianismo. Saulo, com autorização e aprovação de seus líderes, iniciou a primeira perseguição sistemática contra a Igreja. A conversão de Saulo, entretanto, não pôs fim às perseguições.

Para o professor Danilo Mondoni (2006), as perseguições ocorriam por motivos políticos: os discípulos não reconheciam a competência do Império em questões religiosas, e sociais: as campanhas feitas contra os cristãos os colocavam contra a comunidade por ameaçar seus negócios (comerciantes de ídolos, adivinhos, astrólogos), por terem uma conduta moral severa (castidade e reserva quanto aos espetáculos) e mistério acerca da fé e liturgias (comer carne e beber o sangue).

Os cristãos foram acusados de perturbar a paz, transtornar o mundo, ser contra as leis do império, terem apenas um rei, pregar novas divindades e muitas outras coisas.

No começo, as perseguições eram violentas: os cristãos foram crucificados, queimados, amarrados em touros furiosos, serrados e sofreram todo tipo de atrocidades que a crueldade e perversão podem imaginar: “Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra.” (Hebreus 11:35-38).

Nos últimos séculos, a estratégia mudou completamente, da violência para a sutileza, do confronto de força, para o confronto de valores. Aproveitando o desenvolvimento da ciência e os abusos da religião, os inimigos da fé declararam a autonomia do homem em relação a Deus e iniciaram uma sistemática doutrinação anticristã.

Foi logo no começo da Revolução Francesa que teve início a chamada “descristianização revolucionária”, uma política de ruptura com a tradição cristã, conduzida de 1793 a 1795. O processo começou com a descristianização negativa, que promoveu o fechamento de igrejas, a destruição de relíquias, a deportação de clérigos (de 20 a 40 mil) e sua execução (cerca de 2 a 5 mil sacerdotes foram mortos, a maioria católicos).

Por meio da descristianização positiva, foi introduzido o culto à razão, estabeleceu-se um calendário laico e outras medidas para remover os valores cristãos da cultura. No Brasil, o processo de descristianização foi iniciado com a Proclamação da República que instituiu o casamento civil, a educação pública, os cemitérios públicos e outras medidas com vistas ao fim da cristandade.

Na capital do Brasil, inaugurou-se o templo da humanidade, cujos santos eram os cientistas e filósofos, cada um com no seu altar. Os crucifixos foram removidos das escolas, quartéis e repartições públicas e, assim teve início o longo processo de descristianização.

Descristianizar, verbo que entrou no debate público na França, no final do século XIX, tem, no centro, a figura de Cristo e, claro, o cristianismo. O discurso mudou e tornou-se mais sútil, com o surgimento da filosofia dos Direitos Humanos que promove a liberdade, a igualdade e a dignidade do homem, argumento utilizado como fundamento para todas as ações de remoção dos valores cristãos das leis, do espaço público e da cultura.

No centro do debate, sob a proteção dos direitos do homem, foram incluídos temas como aborto, família, pedofilia, casamento, divórcio, educação e muitos outros assuntos centrais para a vida social. Nessa nova cosmovisão, o cristianismo é permitido, desde que em caráter privado. O debate é descartado com a utilização de expressões como superstições, mitologias, ignorância, fanatismo e outros termos depreciativos e desqualificadores.

Se você começar a prestar a atenção no debate político, nas propostas de elaboração das leis, nas programações do rádio e da televisão e nos debates públicos, perceberá que uma grande revolução cultural está em curso no ocidente, talvez no mundo, mas em diferentes estágios de desenvolvimento. Diante desse cenário tão desfavorável e agressivo, marchamos para o fim da história, protegidos pelo decreto do Senhor: “As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja.”

REFERÊNCIA

MONDONI, Danilo. História da Igreja na antiguidade. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

Ilustração: Templo da Humanidade. Igreja Positivista do Brasil. Disponível em: < http://templodahumanidade.org.br/o-templo-da-humanidade/ >. Acesso: 29 jul. 2021

Cel. Cícero Nunes

Cel. Cícero Nunes

Professor Estudo Bíblico

Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.

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