“E lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.” (Atos 9:2).
Bom dia!
Ao meditar sobre este texto, lembrei-me do caso daquela mãe amorosa que foi ver a cerimônia de entrega da boina para o seu filho que estava na Escola de Formação de Soldados. Durante o desfile, a mãezinha procurava o filho no meio dos pelotões que passavam todos alinhados e marchando certinho, todos no mesmo passo e cadência. Quando finalmente encontrou o filho se destacando no meio do pelotão, ela exclamou: “olha, amor, somente nosso filho está marchando no passo certo!”
É impressionante como toda uma comunidade e, às vezes, toda uma nação pode errar, sem que haja discordância. Reuniram-se em Jerusalém uma multidão de autoridades instruídas na Lei e nos costumes judaicos, que chegaram à conclusão de que a melhor maneira de servir a Deus era arrancar de suas casas, arrastar pelas ruas e matar homens e mulheres que se tornaram discípulos de Cristo.
Sob a liderança de Saulo, provavelmente o fariseu mais instruído de sua geração, arrasaram a cidade a ponto de não mais encontrarem cristãos em Jerusalém e terem que pedir cartas para arrasar outras cidades.
Muito embora Gamaliel tenha “marchado no passo errado” e aconselhado os líderes judeus para que parassem de lutar contra Jesus, pois corriam o risco de entrarem em guerra contra Deus, eles ignoraram o seu parecer e desprezaram sua sabedoria: “Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele.” (Atos 5:38,39).
Em tempos não tão distantes, mesmo com toda evolução da ciência, uma nação altamente civilizada, se levantou sob a forte liderança de um homem eloquente para assassinar seis milhões de judeus. O mais assustador foi a passividade ou, pior, a concordância de muitas nações do mundo e, da mesma forma, a passividade e até mesmo a concordância e a colaboração de muitos cristãos importantes.
Discursos eloquentes, fortes lideranças, necessidade e crise são combustíveis que podem produzir grandes desastres. Unanimidade e grandes movimentos de massa nem sempre são sinônimos de correção. Em algumas circunstâncias, o correto pode ser trocar o passo e divergir. A história nos mostrou que, entre todos os rabinos, escribas e doutores fariseus, apenas Gamaliel estava certo.
Cel. Cícero Nunes
Professor Estudo Bíblico
Cícero Nunes Moreira é casado com Cibele Mattiello da Rocha Moreira. Ordenado ao ministério sacerdotal há vinte e cinco anos, autor e Pastor na Igreja Evangélica Vida com com Cristo e capelão voluntário na Policia Militar de Minas Gerais com atuação, principalmente na Academia de Policia Militar e no Hospital da Policia Militar. Mestre em Ciências da Religião pela PUC Minas e Coronel do Quadro de Oficiais da Reserva. Autor do Livro Religião e Direitos Humanos na Policia Militar e Segue-me! Conectando-se ao Evangelho de Lucas.